Março Roxo - Mês da mobilização e conscientização sobre a Epilepsia
- SBENF
- 20 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de abr.

Epilepsia: Diagnóstico, Impacto e Tratamento
A epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada por crises epilépticas
recorrentes, que são episódios breves de atividade elétrica anormal no cérebro. O termo
"Março Roxo" como iniciativa colaborativa para alertar sobre epilepsia representa um
importante esforço para aumentar a conscientização sobre esta condição que afeta milhões
de pessoas mundialmente.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce da epilepsia é fundamental para um tratamento eficaz. O processo
diagnóstico geralmente inclui:
1. Avaliação clínica detalhada: O médico coleta informações sobre os sintomas, histórico
médico familiar e pessoal.
2.Exames complementares:
- Eletroencefalograma (EEG): Registra a atividade elétrica cerebral e é crucial para identificar
anormalidades.
- Neuroimagem: Ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) para
detectar lesões estruturais.
- Exames laboratoriais: Para excluir outras condições médicas.
3.Monitoramento prolongado: Em casos de difícil diagnóstico, pode ser necessário o
monitoramento por vídeo-EEG durante vários dias.
Frequência e Impacto
A epilepsia afeta aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a
Organização Mundial da Saúde, sendo uma das condições neurológicas mais comuns. No
Brasil, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas vivam com epilepsia.
O impacto na vida dos pacientes é multidimensional:
-Físico: Risco de lesões durante as crises, efeitos colaterais de medicamentos e fadiga crônica.
-Psicológico: Maior prevalência de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais.
-Social: Estigma, discriminação e isolamento social.
-Educacional/Profissional: Dificuldades de aprendizado, menor rendimento escolar e
limitações na escolha profissional.
- Qualidade de vida: Restrições em atividades cotidianas como dirigir ou praticar certos
esportes.
Tratamentos Clínicos O tratamento da epilepsia é geralmente progressivo e individualizado:
1. Farmacoterapia: Medicamentos antiepilépticos (MAEs) são a primeira linha de tratamento,
controlando as crises em aproximadamente 70% dos pacientes.
2. Modificações no estilo de vida: Controle de fatores desencadeantes como privação de sono,
estresse e, em alguns casos, dietas específicas como a cetogênica.
3. Neuromodulação: Técnicas como a estimulação do nervo vago (ENV) ou estimulação
cerebral profunda podem ser alternativas quando os medicamentos não são suficientes.
Tratamento Cirúrgico: O Papel do Neurocirurgião Funcional
Quando os tratamentos clínicos falham (epilepsia farmacorresistente), a cirurgia torna-se uma
opção importante. Aproximadamente 30% dos pacientes apresentam resistência aos
medicamentos, e muitos destes podem se beneficiar de intervenções cirúrgicas.
O neurocirurgião funcional desempenha um papel fundamental neste cenário, oferecendo
diversas modalidades cirúrgicas:
1.Ressecção do foco epileptogênico: Remoção da área cerebral responsável pelas crises, após
minuciosa investigação pré-cirúrgica para localização precisa.
2.Desconexão: Procedimentos como calosotomia (secção do corpo caloso) ou hemisferotomia,
que isolam a propagação das descargas elétricas anormais.
3.Procedimentos paliativos: Como a implantação de estimuladores cerebrais para casos em
que a ressecção não é possível.
4.Cirurgia guiada por estereotaxia: Permite abordagens minimamente invasivas e de alta precisão. Os resultados cirúrgicos são promissores, com taxas de controle completo das crises
variando de 50% a 80%, dependendo do tipo de epilepsia e da precisão com que o foco epileptogênico foi identificado.
Avaliação Pré-Cirúrgica
A seleção adequada dos candidatos à cirurgia requer uma avaliação multidisciplinar extensiva:
-Monitoramento prolongado com vídeo-EEG
-Ressonância magnética de alta resolução
-Avaliação neuropsicológica completa
-Estudos funcionais (PET, SPECT)
-Em casos selecionados, implantação de eletrodos intracranianos para mapeamento preciso.
O avanço das técnicas neurocirúrgicas, aliado ao desenvolvimento de tecnologias de neuroimagem e monitoramento, tem ampliado significativamente as possibilidades terapêuticas para pacientes com epilepsia refratária, oferecendo uma chance de vida semcrises e com melhor qualidade.
A conscientização, diagnóstico precoce e acesso aos tratamentos adequados, incluindo a
opção cirúrgica quando indicada, são fundamentais para diminuir o impacto desta condição na
vida dos pacientes.
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